OS PRATOS DA MESA DOS PALÁCIOS.
Durante aulas do Mestrado, tivemos a oportunidade de defender o maior educador brasileiro, Paulo Freire, já citado em artigos anteriores, mas jamais esquecido, visto ser sua ótica para a educação, uma das mais humanas de todos os educadores (já estudados) da América Latina.
Sua trajetória por este Brasil, poucos lembram, já que a maior parte de seu trabalho não foi desenvolvida aqui, mas em outros países, enquanto completava o seu tempo de exílio político.
A sua “Pedagogia do oprimido”, livro que já mereceu tradução em 30 línguas diferentes, além de mostrar aos educadores de quase todo o globo, as condições em que se realiza uma educação, também revela que reside na educação, e não somente na economia de um país, os dominantes e os dominados.
É lamentável pensar que uma cultura pode ser tecida com a trama da dominação. Mas com uma política governamental desconfortante como a nossa, onde os dominantes esqueceram, inclusive, a quase 10(dez) anos o salário dos servidores públicos, dentro do qual se encaixam aqueles servidores que entregam diariamente ao povo a sua cultura, de forma humilde, culta e lutadora, o termo de Paulo Freire – dominação – ainda está em vigor. A reforma militar acabou, mas governantes que também estiveram no exílio na década de 60 e empresários que participaram como ditadores, do sofrido golpe de 64, ainda hoje, sob as condições precárias de um povo, pretendem destaque, talvez não recebendo aplausos aqui, mas nos países com os quais negociam.
Nestas negociações empresariais, que tentam, mascaradamente, trazer lucros econômicos ao país, a cultura do povo parece ter sido esquecida.
Freire, através de suas técnicas inventadas ou reinventadas tentou assinalar e fazer com que o povo alcançasse o seu humanismo, dizendo que alfabetizar é conscientizar. Sempre pretendeu abrir ou reabrir aquela consciência fechada, tentando, com a sua abertura fazer com que o povo escutasse os apelos da própria consciência, que se mostravam sempre além de seus limites, isto é, fazer revigorar o espírito crítico de todo e qualquer cidadão.
Mas, o que aconteceu com Freire, com suas técnicas e planos em 64? Exílio político. E o que acontece atualmente com os educadores que lutam pela reeducação da educação, através de novos pensamentos e novas idéias? Educação particular, isto é, exílio dos verdadeiros educadores naqueles estabelecimentos de ensino que aplaudem seus pensamentos, fazem uso de suas idéias e os convidam a fazer parte de seu corpo docente. Educadores que fazem uso da criticidade para alargar os horizontes dos educandos.
E a escola pública, como fica? Será que os educadores que nela permanecem, fazem uso do seu espírito crítico, na tentativa de gerar novos pensamentos e criar ou enriquecer uma cultura? Ou apenas trabalham, mistificando consciências, despersonalizando-as com as suas técnicas de cultura massificadora?
Paulo Freire tentou, um dia, fazer com que o educador não ensinasse a repetir palavras, mas sim que o educando aprendesse a dizer a sua palavra, pois, com ela, está constituindo-se a si mesmo e comungando-se humanamente; está instaurando o mundo em que se humaniza, humanizando-o.
Ainda se tem esperança de ver, um dia, toda educação produzir um homem com condições de que ele conquiste a sua forma humana.
Os sonhos e esperanças do homem brasileiro necessitam, urgentemente, abrir-se a possibilidades concretas de ultrapassagem ao plano real da prática do seu próprio pensamento, pois a sua forma humana reside na coragem da praticidade do seu modo de ser e de pensar.
FHCs, LILS, DR e outros semelhantes não deram ouvidos a PFs da sua época. Seus ouvidos, suas palavras e pensamentos direcionaram-se apenas a pessoas ou a povos em destaque neste grande globo, e nunca àquele pequeno povinho trabalhador deste grande país. A Sociologia (de FHC) possui uma explicação para tal preferência: o meio social daqui não condiz com o que produz, portanto, toda produção ou renda deve partir sempre a meios sócio-econômicos condizentes (ou mais exploradores) a tão alto percentual de lucros. Portanto, educação parece não ser prato para palácios de governo.
Um comentário
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